Ortopedia Funcional dos Maxiliares

Hábitos Bucais

Dentre os hábitos bucais podemos citar: a respiração bucal, sucção de dedo, chupeta ou lábio, uso da mamadeira, bruxismo, onicofagia (roer as unhas).

Hábitos Bucais
Hábitos Bucais

Os hábitos bucais podem interferir no desenvolvimento correto da criança, podendo levar a alterações oclusais como:

  • Alterações no posicionamento dos dentes
  • Desvio do crescimento dos ossos da maxila e mandíbula
  • Alterações na deglutição (ato de engolir)
  • Alterações na fonação (fala)

Para que a má oclusão se instale, devemos observar:

Intensidade do hábito – quantas horas por dia.
Duração do hábito – quanto maior o tempo de uso, maiores as seqüelas.
Biotipo da criança – padrão hereditário (caso algum dos pais apresentem algum tipo de má oclusão).

Importante ressaltar que a criança amamentada em livre demanda, na maioria das vezes, tem sua necessidade fisiológica de sucção suprida.

A introdução de chupeta e mamadeira é realizada pelos pais e reflete um inconsciente coletivo de que os bebês precisam desses artifícios. São eles então, responsáveis por esse hábito, já que o administram.

Muitas crianças, inclusive, rejeitam e não aceitam chupeta nem mamadeira.

 

Remoção de hábitos

Importante lembrar que todo processo de remoção de hábitos deve ser lento e gradativo. É necessário compreender e procurar a causa do hábito. O apoio familiar é muito importante! Devem-se evitar chantagens, punições ou castigos. Vale mais conscientizar a criança sobre os efeitos causados nos dentes e estimular, através de programas educativos, para que deixe o habito.

Caso a remoção do hábito seja antes dos 2 anos de idade, em alguns casos, as alterações causadas podem regredir naturalmente, sem a necessidade de uso de aparelhos.

 

Algumas dicas:

Remoção de mamadeira:

Antes de remover a mamadeira, é importante substituir pelo copo uma das mamadas. Quando perceber que seu filho está aceitando bem, comece a “negociação” para substituição da mamada noturna. Esse processo pode durar de 2 a 6 meses, dependendo da criança e também do compromisso da família.
Para facilitar use copos com tampa, também chamados de copos de transição.

Outra “estratégia” usada por alguns é diluir gradativamente a mamadeira noturna, com isso o leite vai ficando sem sabor e a criança o rejeita. Oferecer um leite saboroso no copo e dizer que provavelmente é a mamadeira velha que está estragando o leite.

Importante lembrar que uma criança com mais de 3 anos consegue alimentar-se bem, sendo nutricionalmente, desnecessária a mamada durante a madrugada.
É um hábito nocivo, que oferece risco de cárie e deve ser retirado!

 

Copos de Transição

Ao falar de copos de transição, podemos imaginar três cenários:

  1. Criança amamentada exclusivamente no peito
  2. Criança amamentada no peito e mamadeira
  3. Criança que usa apenas mamadeira

Isso poderá nos dar uma noção da dificuldade ou facilidade que ocorrerá essa transição, como também da importância e urgência em introduzi-los.

Recomenda-se a amamentação exclusiva até os 6 meses e após esse período a oferta de outros líquidos.

O bebê é capaz de usar o copo comum, de tamanho infantil, com bordas arredondadas. A postura para segurar o copo e para engolir será ativa e isso deve ser estimulado.

A introdução da mamadeira incentiva o desmame precoce, provoca confusão de bicos e promove uma forma passiva de segurar e deglutir (engolir).

Muitos pais continuam usando a mamadeira para oferta de água e suco e essa é uma prática que deve ser evitada.

Embora o ideal seja o uso de copo comum, sabemos que ele não é tão prático.

 

O Tipo de Copo

Assim a busca pelo copo de transição ideal será aquele que mais se aproximar de um copo comum.

Qualquer copo que a criança precise sugar, através da formação de uma pressão negativa intra-oral não são funcionais e podem, ao trabalhar músculos errados, alterar o crescimento fisiológico dos ossos da face. Por exemplo, ao usar um canudinho muito fino a criança precisa fazer uma força muito grande nos músculos da bochecha (musculo bucinador). A pressão da bochecha comprime a maxila e pode torna-la atrésica. Como um problema leva a outro, na presença de atresia de maxila, a língua perde sua postura correta e altera a forma de deglutir e a fala. Como consequência, aumentam-se os riscos de desenvolver respiração bucal, má-oclusao, patologias respiratórias e distúrbios de fala.

O copo de transição deve ser escolhido não por ser o mais moderno ou o que faz mais sucesso com as mães ou com as crianças. Precisamos lembrar que assim como mamadeira, o copo de transição não é um acessório. É um instrumento e precisa de indicação, finalidade definida, avaliação do padrão de sucção do bebê e prescrição.

Cada caso é um caso.

Não há problema em usar um canudinho, em usar um bico, eventualmente. Mas há sim a importância em saber reconhecer quais são as necessidades individuais do seu filho.

A avaliação e orientação de um profissional, certamente fará a diferença.

Exemplo de um copo de transição ideal: http://bit.ly/1KylzLI

 

Remoção de chupeta:

Para remover a chupeta, deve-se reduzir o seu uso a cada dia. Comece utilizando moderadamente somente quando a criança estiver adormecendo.
Quando a criança dormir, lentamente, retire a chupeta da boca e guarde-a. A chupeta não deve ficar à disposição da criança. É a mãe que deve administrar as horas de uso da chupeta, e não a criança.Incentivar a autonomia da criança é muito importante.
Realçar as coisas típicas de bebê: fralda, chupeta, mamadeira e compará-las com as coisas novas dessa fase de “criança”. Vale falar dos copos do personagem preferido, do sorriso do super herói, do futebol com o pai, etc.

É papel dos pais na remoção de hábitos:

  • nunca oferecer
  • não deixar disponível
  • não levar quando sair
  • não comprar mamadeiras ou chupetas novas
  • restringir o uso ao momento de dormir – (Se quiser usar durante o dia, pode. Mas, será no berço!).
  • não oferecer mamadeira como substituto de refeição.

Importante sempre dar um reforço positivo à criança!

 

Remoção do Dedo:

Há uma grande discussão sobre o hábito de chupar o dedo. Muitos consideram pior do que os hábitos bucais de chupar chupeta. E que o melhor é estimular o uso da chupeta, pois é “mais fácil” de tirar.

Precisamos, mais uma vez, observar e compreender os momentos em que essa criança recorre ao hábito. É o mesmo dedo? Da mesma maneira? Quais são esses momentos? Qual o sentimento que a criança tenta suprir? O uso está relacionado a problemas que a criança enfrenta no ambiente familiar ou na escola? (separação dos pais, nascimento de um irmão, carência afetiva, competição ou discriminação por parte dos colegas).

Geralmente, a chupeta é usada quando os pais precisam que a criança se acalme, enquanto o dedo é usado quando a criança carece de conforto.

A grande diferença entre os dois hábitos bucais é que o dedo está disponível para a criança quando ELA precisa. Enquanto a chupeta é oferecida quando os PAIS precisam…

Há bebês que sugam o dedo desde o útero. Essas crianças apresentam uma grande necessidade de sucção. O primeiro fator que irá contribuir para solucionar essa necessidade é a amamentação em livre demanda.

Esse então seria o primeiro passo.

 

Remoção de Dedo – Parte 2:

Além do aleitamento materno a mãe precisará de muita paciência e carinho. Ao perceber que o bebê inicia a sucção, retirar o dedo delicadamente e oferecer o peito, brincar com as mãozinhas ou proteger as mãos com luvas são algumas opções.

Há bebês que descobrem os dedos durante a erupção dos dentes. Levam a mão à boca para aliviar os sintomas e acabam sugando os dedos e adquirindo o hábito nesse momento.

Há um grande desconforto na erupção dos dentes, pois coçam e doem. Mordedores são muito úteis e substituem a mão nos hábitos bucais. Ofereça mordedores, preferencialmente gelados (coloque-os na geladeira antes de oferecer à criança). O alívio dado pelo mordedor fará a criança esquecer o dedo.

Quando a criança estiver com o dedo na boca, não recrimine, apenas tente distraí-la para outra atividade que tenha que fazer uso das mãos.

Para a remoção do hábito prepare-se para o processo consciente de que a paciência e o reforço positivo são peças-chave e que frustrações fazem parte dele.

A criança precisa entender, concordar e participar do processo.

A consulta a um profissional também ajudará. Ele também terá um papel importante na conscientização da criança. Devemos conversar explicando o porquê da remoção, fazendo reforços positivos, motivando com muito amor e compreensão. Deve-se usar muita criatividade, procurando distrair a criança.

Colocar um band-aid no dedo, amarrar um lencinho ou vestir uma luva no momento de dormir são algumas delas. Altas doses de amor, paciência e determinação, porém, continuam sendo os fatores essenciais para que a remoção do hábito ocorra de maneira positiva e sem traumas para a criança.

 

Aparelho para remoção de hábitos bucais

Caso falhem todas as tentativas, podemos recorrer a aparelhos específicos para remoção de hábitos.

Os hábitos bucais envolvem um aspecto emocional importante. A criança deve ser respeitada e compreendida para que possa ter um desenvolvimento saudável.

A necessidade de sucção faz parte da fase oral e deve ser suprida.

Esse aparelho possui um recurso denominado “mamilo” que permite que a criança faça a sucção, esgotando essa necessidade. Ao eliminarmos o hábito, damos condição para que o crescimento saia do padrão patológico.

 

Mamilo – Aparelho para remoção de hábitos
Mamilo – Aparelho para remoção de hábitos

Dra. Naia Tonhá de Almeida

CROSP 47750

  • Formada em Odontologia pela UNISA – 1991  http://bit.ly/1pXVjrv
  • Pós-graduada em Odontopediatria  http://bit.ly/1Sw39zG
  • Especialista em Ortopedia Funcional do Maxilares pelo CFO  http://bit.ly/1VnSjAN
  • Mestrado em Homeopatia pela FACIS – IBEHE  http://bit.ly/1Ryf6se
  • Integra a equipe de atendimento especializada ao Respirador Bucal da Dra. Gabriela Dorothy de Carvalho.
  • Membro da ABPPRNO (Associação Brasileira Pedro Planas Reabilitação Neuro Oclusal)  http://bit.ly/1Y9kGlh
  • Membro do NEOM-RB (Núcleo de Estudos de Ortopedia dos Maxilares e Respirador Bucal)  http://bit.ly/25FbHxY
  • Ex-Professora do curso de Ortopedia Funcional dos Maxilares – ADOCI –
    Guarulhos  http://bit.ly/1RHcNjh
  • Professora do curso SOS Respirador Bucal – NEOM-RB Pesquisa Educação e Atendimento em Odontologia  http://bit.ly/25FbHxY
  • Pós graduada em Atendimento Neonatal e Bebês – Suporte ao Aleitamento Materno
    Membro da Academia Brasileira de Ortopedia Funcional dos MAxilares –
    ABOFM https://www.abofm.com.br/membros.html
  • Especializanda em Sindrome de Down Trissomia 21 – CEPEC Dr. Zan Mustacchi – Faculdade Medicina ABC
  • Autora do livro infantil: Golfinho tem dor de dente? e Quem usa chupeta, tem que parar!
  • Palestrante em escolas